terça-feira, 16 de junho de 2009

Voltar a crescer...








* Salvador Dali e sua incrível expressão!

Há quase um ano, minha árvore favorita, pela qual passo todos os dias no caminho para a escola em que meu filho estuda, foi brutalmente podada.
Por ter crescido demais, seus galhos estavam se enroscando nos fios elétricos e encobrindo o semáforo da avenida. Um perigo, sem dúvida!
O fato é que não podaram os galhos, eles na verdade tosaram a árvore com máquina zero, sabe? Não sobrou nenhuma folhinha para contar a história!
Fiquei tão chocada ao vê-la daquele jeito, completamente nua, que passei a olhar todos os dias apenas para as raízes da grande árvore.
E assim os meses se passaram e meu olhar a cada dia se fixava num dos detalhes daquelas raízes gigantescas e profundas.
Na semana passada, percebi folhas, muitas folhas no chão e, quando notei, lá estava ela outra vez, exuberante, cheia de folhas e galhos sacudindo ao vento.
Não sei explicar, mas, da minha alma brotou um sorriso que meus lábios refletiram e senti meu coração se preencher das seguintes reflexões: “Por mais que alguém seja levado a extremos por uma “poda brutal”, o que é ele de verdade sempre volta a crescer; e muitas partes dele, antes desconhecidas, surgem também...”
Tenho certeza de que você, assim como eu e minha árvore preferida, passou por muitas “podas” durante a vida.
A “poda brutal” acontece pelo fim de um relacionamento no qual apostamos todas as fichas, por uma traição, pela perda de um emprego, por uma doença que nos fez parar projetos ou batalhas, por um sonho que se desmoronou feito castelo de areia...
Nesse período que parecia não ter fim, o terror se apossou das nossas almas, o amanhã se tornou um desafio imenso, algo parecia morrer, nada parecia restar ou preencher, nada inspirava ou sacudia e a dor latejava dentro do peito. Lembra da última vez em que esteve assim? Dá até para sentir o “ cheirinho” lá do fundo do poço, não é?
Porém, com o passar tempo, se permitimos que a vida entrasse de novo, se nos permitimos agarrar-nos a ela, seja pelo simples desejo de reconstruir ou pelo cansaço que o sofrer causa, pouco a pouco fomos nos refazendo, ficando mais fortalecidos, mais amadurecidos e acabamos de novo encontrando o “ sentido”.
Se isso ainda não aconteceu com você, talvez seja a hora de sacudir a poeira e seguir em frente. Sempre há uma nova chance, basta desejá-la de verdade e se ver livre do medo, principalmente do “medo em semente”, esse é o pior, porque está bem escondido. É preciso remover a terra fértil das lembranças para perceber se as sementes ainda estão lá.
Voltar a crescer depois de uma poda brutal dá trabalho, consome nossa energia, mas é possível e natural como a própria vida, que insiste em aparecer até nos lugares mais improváveis, como aquelas plantinhas que saem do concreto.Que teimosia para existir!!!
A vida cresce sem pedir licença, nos invade, nos arrasta, nos atira de penhascos, faz a ventania nos curvar até o chão, mas, depois, no próximo ciclo, ela nos acarinha, nos acolhe, nos estimula ao próximo passo, nos embala em seu solo fértil e morno.
A vida natural não é um quadrado ou uma linha, a vida é ampla, infinita, cheia de mistérios e surpresas.
Pessoas entram e saem dos nossos caminhos, ciclos começam e terminam, empregos se dissolvem como algumas relações, afinal, temos muito a explorar, muito a aprender, sentir e viver, não é para isso que estamos aqui?

Só mais uma coisa: Sabe qual é a diferença essencial entre as árvores e as pessoas?
Elas não ficam encaixotadas na própria bolha, com pena de si mesmas ou se consumindo de raiva de quem as machucou.
Elas simplesmente reúnem todas as suas forças e energia, abrem-se à vida e voltam a crescer. Elas simplesmente se permitem voltar a crescer.
Nós, muitas vezes, nos agarramos ao que nos foi cortado.
Fazemos disso nosso “viver”, arranjamos modos de defesa que nos transformam em seres “engessados” ou agressivos demais; pensamos tanto e por tantos anos a respeito da “poda” e com tanta dor e amargura que, muitas vezes, acabamos por recriar a mesma “poda” em algum lugar do futuro.
Esses são os nossos “padrões”. Padrões são como ciclos de podas que atraímos para nós.
“Quantas situações parecem se repetir na sua vida?”
As respostas a essa pergunta costumam evidenciar os principais padrões de sofrimento e dor que carregamos em nosso subconsciente - local onde guardamos as sementes do amanhã.
Tornar-nos conscientes das “sementes” que abrigamos em nosso interior se traduz em libertação. Não temos mais a necessidade de aprender pela dor, podemos fazer escolhas novas, através de um estado interior mais “desperto” e menos automatizado.

Tornar-nos conscientes dos galhos predispostos a crescer na “direção errada” quando ainda em embrião - ou em estado embrionário - e evitar que se desenvolvam nos protege da auto-sabotagem e do desgaste de trilhar um caminho distante da alma. (“errada” é a escolha contrária ao sentido da alma).
Vale lembrar que as árvores não tem escolha, não conseguem avaliar que, se crescerem para determinado lado, começarão a enroscar seus galhos nos fios elétricos e com isso atrair uma provável poda. Quanto a nós, temos sempre infinitas escolhas!
Refletir sobre as “podas brutais” sofridas ao longo da vida e sobre o resultado delas é um bom hábito.
Refletir sobre esses resultados e sobre o que se pode fazer para voltar a crescer na direção que faz sentido para a alma é a escolha de alguém que se descobriu criador da sua própria realidade.
Desejo-lhe folhas, tronco e galhos fortes, e raízes profundas para sustentá-los e nutri-los.

Um abraço grande,
Adely

* Elaine, obrigada pela colaboração nesse texto!

4 comentários:

Laine disse...

Bondade sua chamar meu comentário de colaboração, mas... fico feliz se ajudei de alguma forma.
Adorei esse texto e foi um prazer lê-lo e relê-lo!
Aliás, seus textos são todos cheios de sabedoria, de vida e de poesia.
Obrigada.
Um beijo.
Elaine

Fernanda Cintra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernanda Cintra disse...

Sabe Bruxa,

É incrível como nos agarramos as podas...as dores, e como é impossível muitas vezes acreditar q no meio do caos virá a solução!!

Mas quando alguém diz confia no Universo amoroso e cheio de amor...ele não te abandona...vc pensa...que pessoa louca...nao existe solução...

Mesmo assim vc vai em frente e aposta na vida...que como o ar q respiramos nunca falta...quando somos podados...com consciencia..o Universo nunca nos abandona...

Achei interessante o que disse sobre a diferença das arvores pras pessoas...

Nós podemos escolher a não repetir padrões de dor...e identificá-los logo no começo e podá-los...

Podemos aprender a partir dai sem dor....podemos nos alegrar com cada detalhe da nossa vida....

Como é bom ser podado...
como é bom ter essa chance de tirar todo o lixo que carregamos por muito tempo...

como é bom poder olhar as coisas por diversos ângulos...e ver q nem sempre é tudo tão ruim assim...

Como é bom ter a chance de reunir forças de onde vc nem imagina que existe dentro de vc...e voltar a crescer, continuar a viver, recomeçar...como é bom ver que vc pode...independente do que for...crescer de novo...que a vida sempre inicia novos ciclos...

Como é bom viver...e aprender mais a cada dia...e fazer diferente a cada dia!!!!

Ainda estou no começo...e sei que tem muita coisa por vir...

Mas como é libertador ser podada...e criar um novo mundo..sob as proprias pernas....

Como o Universo é amoroso...

Lindo e sábio texto...adorei mesmo...
Beijosss

aprendiz de feiticeiro disse...

ola, adorei esses seus texto, mto bom... e concerteza corretissimo, não só as árvores mas nós tbm somos podamos quase que frequentemente...parabéns...abraço