domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fernando Pessoa, o poeta da alma...


Como boa canceriana que sou, com a Lua e Netuno no Ascendente ainda por cima, adoro arte.
Arte falada, escrita, tocada, dançada. Gosto de observar os momentos em que parece que a Alma de alguém fala com a gente de verdade, sabe?
Um pouco da linda poesia de Fernando Pessoa ( meu poeta preferido!rs) para enfeitar a sua semana.
Um abraço fraternal,
Adely



"Fernando Pessoa nasceu em Lisboa em 13 de Junho de 1888.
Partiu em 30 de Novembro de 1935, aos 47 anos de vida.

Perfil astrológico:
Sol em Gêmeos, Lua em Leão, Mercúrio em Câncer.

Desenvolveu o melhor da sua natureza geminiana através da genial habilidade de expressar seus sentimentos em palavras. Foi de alguma maneira um autodidata, característica do eixo "Gêmeos/Sagitário".
A Lua em Leão é retratada em sua maneira profunda de falar de um "eu" dono de si que escolhe seu próprio destino. Retratou várias faces do eu, mantendo um olhar apaixonado pela vida. Aqui também podemos imaginar que havia uma profunda ligação afetiva com o pai ( que perdeu aos 5 anos de idade) e um desejo de honrá-lo de alguma maneira.
Mercúrio em Câncer retrata sua maneira poética e ao mesmo tempo simples de falar de questões profundas da alma e do sentimento humano.
Sua vida e obra foram permeadas por ligações com as chamadas "ciências ocultas" e isso pode ser percebido em muitos de seus poemas.
"Comentam as más línguas" que Fernando Pessoa em 1930 inicia uma troca de correspondências com o "mago" Aleister Crowler, que nesse mesmo ano foi à Lisboa visitar Fernando."

Gosto do que ele escreveu, seguem os meus preferidos:

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise…
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos
É saber falar de si mesmo…
É ter coragem para ouvir um "não"
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."


"Poema do amigo aprendiz:

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."

"Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um."

"Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo."


"A vida:

Para os erros há perdão;
para os fracassos, chance;
para os amores impossíveis, tempo...

Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e
acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando,
fazendo que planejando,
vivendo que esperando
Porque, embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu."


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
Que já têm a forma do nosso corpo,
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares

É o tempo da travessia,
E se não ousarmos fazê-la,
Teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos."


"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu."



"Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros).
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

Fernando Pessoa

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender.

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos.
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar."

Um comentário:

Fernanda Cintra disse...

Ele também é meu poeta preferido.
Ele retrata de forma simples o Eu a alma, e conhecimentos que nos são passados...em anos...e ele fala com simplicidade.
Adorei
beijos